Sou mulher, mãe de dois filhos, um que perdi e não tenho a tumba para chorar, outro que está na terra e me dá força para batalhar. Como tantas mulheres vivo naquela eterna atividade de equilibrismo entre vida profissional e pessoal.
Nesta atividade constante, tem dias nos quais um ou outro prato cai. Perco o equilíbrio. Quando acontece eu tiro o sutiã da culpa, liberto-me do peso da consciência, recolho os cacos, limpo os meus cantos e continuo a minha dança cujo objetivo é manter-me no compasso da música da minha vida, sigo o ritmo combatendo o preconceito.
Sei o que é chegar atrasada na reunião da escola porque tive um contratempo no trabalho e sei o que chegar atrasada no trabalho porque tive um contratempo em casa.
Sei quais são as belezas, oportunidades e desafios que a maternidade nos oferece, mas sei também as pressões que a sociedade coloca nas mulheres que abrem mão da maternidade, bem como nas mulheres que por tantos fatores não puderam ter filhos, tudo isso torna a vida da mulher absolutamente muito difícil, ainda mais hoje onde todos somos personagens públicos e julgados.
Saber disso não me atormenta, ao contrário, fortalece a minha ideia de compartilhar valores e visões de mundo com o meu filho que tem 7 anos, mesmo porque ele é um homem em construção.
Acredito piamente que a educação dos corações é tarefa de todos nós, e como mãe eu procuro o educar este ser humano do sexo masculino a respeitar o sexo feminino, não pelo fato de ser feminino, mas, porque é humano, feito de carne e ossos como ele e consequentemente digno das mesmas oportunidades e do mesmo respeito. O educo a respeitar pessoas, outros seres humanos.
O respeito amplo, honesto e consciente, não porque conveniente. O respeito sobre poder decidir sobre a própria vida, roupa, gerenciamento das relações afetivas; respeito pela decisão de estudar e ter objetivos; o respeito ao poder dizer NÃO quando não tiver a fim; por poder usar o que quiser e não ser etiquetada pelo comprimento da saia, altura do salto ou cor do batom; pelo fato que a minha simpatia ou a simpatia de qualquer outra mulher não seja jamais confundida por autorização para ser tocada, assediada verbalmente e muito menos agredida; respeito pelas minhas ideias numa reunião no trabalho.
Acredito na possibilidade de sadia colaboração entre pessoas em direção a uma sociedade mais justa. Nós, mulheres, não somos rivais, mas porta-vozes, de solicitações de tantas mulheres que vieram antes de nós. A vida delas foi tão ou mais difícil do que a nossa, mas certamente o eco da luta delas ressoa até os nossos dias, e ouvir aquele eco que evoca igualdade, respeito e condições equivalentes em todos os aspectos da vida, deve nos incentiva hoje a desejar um verdadeiro Feliz dia da Mulher.
Que todo o dia seja um feliz dia para a mulher, aquele ser que muda o ambiente por onde passa, atribuindo ao mesmo mais cor e graça, mais conforto e acolhimento, aquele ser que de certo modo “incoerente com os próprios sentimentos” chora quando é muito feliz e ri quando o que quer mesmo é chorar.
Apesar de aparecer um mosaico de incongruências, esta mulher-mosaico, quando recebe as luzes do sol do respeito, ilumina o ambiente ao seu redor com as cores da sua personalidade.
Feliz dia das mulheres!
*Este artigo é resultado da parceria entre Dantonelli Consultoria – Brasil, com Eliandra Rocha de Ely Carter – Cartas e Contos – Itália – https://www.elycarter.com/blog.