E’ verdade que estamos todos muito atarefados. Corremos de um lado para o outro na esperança de trabalhar e conseguir pagar as contas. Agradecemos pela saúde e por cada centavo que conseguimos economizar e que nos permite de pagar uma atividade extra-curricular aos nossos filhos.
Sacrifícios todos fazemos, uns mais, outros menos, mas a verdade é que estamos todos a procura de algo que nos ajude a esquecer um minutinho as dificuldades. Neste momento complicado pelo qual o mundo está passando, estamos aprendendo a dar valor a coisas que antes a gente considerava tão triviais. Exemplo: Alguns de nós antes do caos ocasionalmente podíamos nos permitir ir até uma pizzaria, hoje quando podemos, pedimos que a pizza seja entregue a domicílio.
Todavia, esta situação nos permitiu redescobrir algumas coisas, como, por exemplo, a necessidade de transformar a nossa casa no ambiente mais acolhedor possível. Estar em casa nos forçou a encarar às quatro paredes com um olhar novo, voltado ao cuidado com a nossa intimidade.
Quando me refiro a intimidade do ambiente caseiro, esqueça a ideia de casa requintada, como se fosse um showroom. Não é a isso que estou me referindo. Me refiro àquela atmosfera de casa que abraça a gente.
Uma das situações mais normais hoje é preparar as próprias refeições e consumi-las em casa, não mais no refeitório da empresa ou no restaurante, ou fast food próximo ao trabalho. E isso nos leva ao ponto da mesa posta. Você já parou para observar quanta coisa acontece a mesa? As pessoas se falam (ou ao menos deveriam se falar, mas isso é outro artigo), as pessoas sorriem, discutem. Entrelaçam pensamentos, critérios e convicções quando estão a mesa. Não é só a comida que vem temperada, mas é a nossa conversa que “tempera” atmosfera.
Para quem aprecia receber em casa ou que é forçado a encarar este ambiente diante do atual contexto histórico que estamos presenciando, pôr a mesa está se revelando uma nova descoberta.
Taças e xícaras, pratos e sousplat, copos e porcelana. Estas coisas, num ambiente mesmo informal, servem para nos preparar. Alimentar o corpo em muitas culturas é ritual, e os objetos que fazem parte do rito, são importantes.
Estar a mesa, com ou sem pandemia, sempre foi oportunidade para podermos conhecer outras pessoas, para fazer ou fortalecer negócios, descobrir novos caminhos, mas mais do que tudo, estar a mesa com outros é ocasião para fazer amizades, conhecer os meandros das almas dos presentes.
Eu adoro uma mesa posta, elegante na sua simplicidade, mas não banal. Um detalhe aqui e ali que dá o tom da jornada.
Quem ama conversar depois do almoço e do jantar levanta a mão! Não considero nem perda de tempo, nem jogar conversa fora, porque a gente não joga fora as conversas, mas a gente tenta encontrar algo em comum para poder continuar.
Quando a gente mostra interesse pelas pessoas, até a bainha da toalha de mesa vira assunto. A gente somente não tem assunto quando não estamos interessados. Presta atenção e veja se não é assim.
A mesa posta é um gesto de cuidado, é uma daquelas singelas demonstrações de amor! Não permita que a rotina arruíne a tua arte de pôr e estar a mesa, com as pessoas as quais você pode ter por perto.
Falando em quem está por perto, por a mesa pode ser uma possibilidade para ajudar os pequenos e as pequenas a descobrir os segredos da boa mesa. Eles e elas vão crescer com um olhar mais abrangente sobre o estar junto, de modo simples, mas com desenvoltura no baile entre copos e talheres.
Este artigo é resultado da parceria entre Dantonelli Consultoria – Brasil, com Eliandra Rocha de Ely Carter – Cartas e Contos – Itália – https://www.elycarter.com/blog.